Não bata na minha porta

 Quando criança, eu tinha o hábito de colocar plaquinha na porta do quarto, autorizando ou proibindo a entrada de pessoas.

Pais? não pode

irmão? não pode

Fatinha? não pode

Guga? pode

Quando cresci nunca mais consegui fechar as portas; Havia sempre uma fresta, uma maçaneta, uma chave, uma forma dela abrir ou ser arrombada.Meus limites foram derrubados, meu quarto virou de todo mundo, em que se sai, se entra, se bagunça, se deita e depois deixa a porta entreaberta, como se houvesse um vale entrada ilimitável.

Eu, por minha vez, não consigo mais ser aquela criança que esbraveja, manda sair o teimoso que insiste em violar minha regra. Esqueço que na minha terra mando eu, no meu faroeste eu sou o cowboy.

Preciso lembrar que Bandido aqui não entra, não me rouba, não extrapola, pois no meu quarto, assim como no meu coração só pode entrar quem eu permito.


Aline Lima

17/11/2020

 
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