mar

 Há muito mistério na simplicidade. Quando criança, a primeira vez que o vi tinha uns 6 anos, imponente, misterioso, grande. Sabia que eu e ele estaríamos misturados, depois houve muitos encontros só nossos. Era sempre na casa de praia da minha mãe durante as férias, depois passou a ser com frequência aos sábados sozinha.

Ele me provocava uma espécie de encanto. Aquelas ondas, aquela abundância, aquela luz à noite que o adormecia enquanto a vida continuava a acontecer. Muito, mas muito depois percebi que havia muito do mar em mim.

Há os que chegam apenas na beira, molham os pés, querem ir até a cintura,mas não conseguem.

Há os que nem se atrevem, olham com temor, talvez temem serem afogados.

Há os que contemplam com ternura, admiração, expressam uma lágrima quando são contemplados com a beleza inerente a ele.

Há os que velejam, adentram, se arriscam a conhecer seus mundos, suas pérolas, pegam sempre algo para si e deixam sempre algo quando vão embora

Há os que se despem, mergulham, enxergam através da água turva remexida da areia, dançam nas ondas, beijam a areia, agradecem a oportunidade de estar.

e eu de amar.

 
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