COLHEITA

 O amor cabe!

e cabe direito, sem sobrar ou faltar.

só com dignidade a gente compreende quando foi amor. E aprende que aquela vontade toda, o esforço demasiado, era só um grande medo de não ser. Até que um dia a corda rompe. E você olha suas mãos doloridas de segurá-las, em farrapos, tanto quanto a corda do que não era.

E também não há falta de dignidade em querer, e se dispor, ás vezes, a ver onde a corda vai. Há os que precisam passar por isto, mas passam por outras coisas. A vida é uma linda passagem pelo próprio destino.

Ela fica, a vida,

Fica conosco.

Nos revela.

Depois de nossas pontes, encontramos a nós mesmas do outro lado. De mãos refeitas! Que souberam lidar com cordas partidas, com dignidade. Que souberam abençoar o que não nos pertencem.

Mãos refeitas, jamais serão mãos vazias.

Depois do que parece,

Depois do que o mundo pensa,

Depois até do que você pensa,

você encontra aquilo de que não será preciso agarrar com as mãos.

Merecer alguma coisa, não é achar que merece. é merecer. Só pela dignidade merecemos colher as flores do que plantamos, e mãos curadas podem semear melhor.


Flávia Wenceslau

 
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