mudanças

 10 anos depois decidi reescrever esse texto....pois mudei muito!quem não???


Taurina.Com todos os defeitos e qualidade de um tipico taurino.Embora hoje eu saiba que o signo não te define. Menos ciumenta, insegura ainda infelizmente. Amiga,Atenciosa e romântica. Gosto de falar e de ouvir.Deveria ouvir mais que falar,mas meu forte ímpeto de viver não me permite. Gosto de admirar as coisas.a chuva.o pôr do sol.Adoro ir á padaria de tarde.Adoro comprar cd e livro. (hoje o spotify não deixa mais ter esse prazer, mas me reapaixonei pelos discos) Amo ler;é mais que amor,é uma necessidade. Amo dar aula;aprendi a amar o que faço.Eu quero ainda muitas coisas,mas tenho consciência de que devo lutar por isso. Valorizo as pessoas que estão comigo. (Gratidão é uma coisa que tenho aprendido a ter na minha vida.) já fui muito ajudada pelas pessoas,e muito injustiçada também. Adoro jogar Quiz,adoro jogo de conhecimento,porque adoro me superar. Não sou católica,( já fui evangélica e agora nem me considero mais espírita,) acho que não tenho religião definida.Ás vezes acho que sou agnóstica: Acredito que Deus existe.

Acho que me pareço com Aline:Graciosa,atraente,me sinto sensual quando estou segura de mim,o problema é que isso quase nunca acontece. Faladeira,(legal,)curiosa.sensível. (Quase) Qualquer coisa me machuca.Tudo me atrai. Amo música.Amo cinema.Sou fã da Julia Roberts. Amo conversar com gente inteligente.Detesto pessoas fofoqueiras e invejosas.Quero ser professora desde os 10 anos de idade. (e até morrer), (organizada) sempre leio manual de instruções,bulas de remédio.Tenho medo de ficar doente.Minha pior dor foi uma de ouvido, (mas dores emocionais já tive várias, aguentei baixinho. Ficaram entre Deus e eu.) Minha diva maior: Ana Carolina.Sou fã desde os 13 anos dela. Já não sou mais o que eu era.Mudei muito em pouco tempo,embora conserve traços antigos em mim mesma. Ainda quero fazer ioga e meditar frequentemente. 

Gosto de massas,lasanhas,pizzas.tudo que é comida. (Não) Detesto yakissoba, abacaxi, mas sim jaca. Adoro comer.Odeio me sentir gorda. Gosto de ouvir música baixa.Mas adoro música eletrônica na boate.Amo um barzinho com MPB. Bebo cerveja,mas prefiro vinho. Sou vascaína roxa. Quero ter uma lareira,um carro bom e uma casa aconchegante.  (Este último conquistei, a lareira...bem...faz calor onde moro), Sonho em conhecer o mundo inteiro. já pensei em pegar uma mochila e sair por esse mundão a fora. (até agora foram 5 países e alguns estados brasileiros) Quero viver sempre com uma pessoa só, tão apaixonada como estou agora. (gatilho/ Não) Pude conhecer o amor verdadeiro.  (Amo minha família,apesar de todos os problemas. Tenho duas mães e três pais. Dois irmãos e uma (duas) sobrinhas; e se não for de sangue,tenho uma família muito maior.

Não sou de guardar mágoas de ninguém.Não sou de odiar. Prefiro a distância quando não me faz bem. Adoro rir de bobagens. Ironia e sarcasmo me fazem rir.Meu programa favorito é o CQC. (hoje é ler enquanto tomo meu café olhando meu quintal) Gosto de novelas.Acompanho todas que eu gosto. Adoro cantar,pena que não sei. Pegar o violão de me deixa feliz. Queria aprender tocar piano. (ainda persisto no violão)

Falo sozinha desde criança.Adoro a lua e (agora) o sol também. Amo internet. (Não) Tenho medo do escuro. Já perdoei pessoas,já pedi muito perdão,já machuquei pessoas amadas,já fui machucada e decepcionada muitas vezes. Nunca perdi a fé nas pessoas. Já amei sem medo.Já tive medo de amar. Já gritei e pulei de tanta felicidade.

Me considero uma pessoa feliz,mas ás vezes me sinto triste. Queria ser muito inteligente. Queria entender de tudo um pouco.Adoro minha liberdade. Sai de casa aos 17 anos. Já morei com 64 pessoas e foi o meu maior desafio. Adoro praia.Adoro mar. O mar me acalma,me faz bem. Ouvir Lara Fabian me deixa serena. Tenho uma TPM fortíssima. Eu amo meus amigos. Ás vezes fico distante,mas nunca esqueço as amizades realmente verdadeiras e especiais pra mim.

Aqui dariam mais muitas linhas falando de tanta transformação interna que já me ocorreu nesses tempos, mas vou seguir caminhando, com coragem, acreditando que o tempo de todas as coisas só se conhece no coração....daqui a 10 anos eu volto pra terceira edição (rs)

Aline Lima
Abril de 2021

Sabonetes

 Não faço ideia de como isso se deu, na verdade faço sim, mas há coisas que preferimos varrer para um lugar pouco frequentado em nós. O que eu tinha era a ilusão de que dessa vez iria durar. Quando conheci Clara, foi rápido,mas o suficiente para eu ficar congelada, era a primeira vez que eu beijava uma mulher, então eu me sentia mal, era errado.

Lembrava de minhas memórias de adolescente e o que eu ligava á palavra lésbica. E não era nada positivo. Mas aconteceu e foi diferente de tudo que já havia experimentado antes. Clara me olhava, queria ficar comigo, até enfrentou a mãe, enquanto segurava minha mão, com cuidado como quem segura uma estrela do mar. Dizia que ficaríamos juntas para sempre. O tempo passou, fomos felizes, comendo pipoca enquanto assistia Mad man ou dançando é o tchan enquanto fazíamos faxina de madrugada.

Ela foi embora um tempo depois, não deve ter suportado, acompanhado que eu queria ir mais fundo na história, na minha história porque uma hora a gente cansa, se não de tédio,mas de morte. 

Quis frequentar todos os lugares de mim, havia uma distância entre mim e ela, e não era de um metro e meio entre a cama e o sofá, era de anos de consciência. A única coisa que ficou de nós foi o sabonete no banheiro. Comecei a analisá-lo muito tempo depois, não sei se por saudade, costume, distração ou sintoma.

Depois os dias continuaram, conheci Giovana, achei que ela nunca iria embora. Suas palavras eram fortes, sua vontade era fraca. Começamos sabendo muito o que queria, era muita convicção em tão pouco tempo, mas eu já estava sem escolha. Percebi quando demorava minha atenção sob seu corpo, os cabelos castanhos e ondulados enrolados na toalha, um perfume que ficava grudado no travesseiro.

O meu problema foi acreditar demais nas suas palavras, em suas histórias turvas, não queria desconstruir a ilusão que eu tinha criado e isso me importava tanto. Acreditei até que ela tinha um banheiro favorito na minha casa. Mas o fim estava rápido e ele foi tão de repente que um ano depois, quando ela voltou, ainda achei que não houvesse tido fim. De novo, a única coisa que ficou foi o sabonete gasto no banheiro. 

Quando Cris chegou, eu nem percebi direito. Ela foi entrando na minha casa, no meu quarto, na minha cama, na minha vida. os dias eram confortáveis, com direito a sentar na calçada pra olhar a vida passar, mas um furacão passou na rua e arrastou nossas cadeiras e agora a situação já não era mais confortável. Sua partida era urgente e forçada por mim.

Não me dei conta de quando ela levou o sabonete, mas ele estava ali também, naquele banheiro que eu mal entrava, a não ser quando era pra fugir enquanto ela corria para me puxar pela cintura e me beijar com a boca cheia de pasta de dente enquanto ria e se balançava.

Fiquei sentada no chão do banheiro nem sei quantas horas. Naquele momento me esqueci das pessoas. Olhava os sabonetes e desejava apenas que ele limpasse todo o amor que eu era capaz de sentir, todo o meu desejo ardia.

Aquele sentimento de enxergar a mim e toda minha ingenuidade e toda minha vida incompreendida e ignorar toda a necessidade de que eu precisava ficar só. Aqueles sabonetes todos juntos; um rosa redondo, outro branco já mais gasto, outro amarelo. Formei com eles um só, amassei como quem abraça, doeram as mãos, os líquidos do meu corpo saíram de todas as formas.

A vida delas continuava sem mim,mas a minha parou por um instante. Tudo virou água de esgoto. Eu queria morrer sozinha no chão do banheiro porque não suportava o abandono. Eu vomitei de febre, chorei, fiquei magra, e então acreditei na verdade mais dura e menos açucarada que carrego: eu não dou conta de mim e o que me resta agora é respirar meu próprio oxigênio. 


25.05.2021




Um livro e um Chá

"o céu mentia chuva". Acho que era outono. Você vestia sempre uma camisa larga e um short que deixava as pernas á mostra. Essas pernas eram colocadas sob as minhas na cadeira branca que sentávamos para ler após o almoço. Você como sol espalhava luz em todas as direções, refrescando meu rosto, puxando meu sorriso, me fazendo desviar do livro para olhar teu rosto concentrada em Clarice.

você tinha cheiro de flor de maracujá. cheiro de maresia de tarde. Qualquer palavra ali atrapalharia o momento. Como que cronometrado pelo relógio do amor, a gente parava a leitura e você me puxava pro quarto pra me guiar. Queria ser guia, mas era guiada. e eu não achava ruim. Era bom me desarmar e pela primeira vez ser aprendiz, era pega por seu conhecimento preparado, aprendido meio que sem regras, mas diferente de tudo que eu sabia. E isso me era estranho.

Tive medo pela primeira vez em muito tempo. Medo que aquilo não fosse real, medo que alguém me impedisse, medo que não fosse verdade.

Que bonita era sua empolgação quando falava. Eu sempre falei muito mas não achava ruim em me calar e te ouvir falar sobre sua infância em Pocinhos ou sua família desajeitada. Ou dos seus planos pro seu futuro que eram sempre tantos e não pareciam se encaixar.

Eu me calava.

cada um traça seu destino. o melhor que podemos fazer muitas vezes é assistir e torcer pelo bem. E como eu precisava torcer porque você seguia um caminho torto, que percebi muito depois que te seguir era destruição. Eu te seguia me dispondo. Mas eu sabia que você não tinha razão. E tudo bem. a gente nem sempre tem. Mas todos temos fé. E você tinha muita, de todo tipo, seja com a astrologia, o candomblé ou com o espiritismo. Você era do zodíaco, eu sazonal.

Quem é teu santo. O que é a vida. Era a profundeza nos nossos dias. Parecia que eram dias contados. Eu sentia isso. Assim como a música que tocava enquanto preparava o café. Era "tudo somente sexo e amizade" como cantava Maria Bethânia. Desejei que fosse mesmo. Havia um pacto que nunca fizemos de que café era pela manhã,mas de tarde era chá. Achei também que haveria pacto de outras coisas boas.

Você quis ficar,mas não soube. Eu te expulsei porque era preciso. Você quis gravar meu nome e gravou mais algumas coisas. O último dia foi ficando mais cada vez mais vago. Aqui dentro não há rancor, aqui dentro há lamento.

por mim

por você

por nós.

Não sou dada á astrologia, nem aos santos. nem mais aos espíritos, mas só contigo entendi a grandiosidade do que sou.


17.05.2021







No ouvido

 Alguns gestos são tão sublimes. Eu sempre trabalhei em não perceber o mínimo.

Pra me impressionar precisava ser grande, ser muito, ser nítido. é preciso mais que sensibilidade para ver os pequenos gestos, eles estão escondidos em um café com uma flor, em um doce no meio da tarde, em uma mensagem de madrugada ou um favor quando você não pede.

Eu teimava até que eles não existiam. Minha missão era teimar. teimar de todas as formas possíveis que poderia haver amor em algo pequeno, porque amor pra mim já imprimia o grande. Acho que nasci com as respostas na mão e nunca as percebi.

Talvez fosse minha cabeça de nove que pensasse assim. Porque eu não via meu pai trazer flores á minha mãe, mas via ele brigar porque ela não havia feito a carne cozida pro jantar. Acho que era por isso que eu via mainha chorando no quarto sozinha.

As ideias vão se formando em nossa cabeça e a gente não sabe como. só quando cresce que a gente passa a entender cada pedacinho de nossas ideias e até mesmo o que a gente nem pensa passa a ser entendível.

Eu sempre esperava com ansiedade o final do dia. mainha chegaria do trabalho. Ainda lembro quando ela me mandou pegar algo no carro, mas era desculpa pra eu encontrar o presente que eu tanto desejava: um bambolê com cheiro de chiclete.

Não lembro a cara que mainha fez quando viu minha alegria, chorei tanto de emoção que bati a cabeça na porta. Ficou todo mundo da casa me olhando, só  minha irmã com olhar de reprovação, como ela sempre fazia com qualquer coisa que eu ganhasse.

mas nem todas as lembranças são ruins.  Hoje vejo que mainha fazia gestos simples pra me ver feliz, era um tempo dedicado a mim o dela escolher o que me daria e de saber o objeto que eu tanto queria. Foi patins, foi vestido rodado vermelho, videogame, foi uma máquina de costura de brinquedo mas que era de verdade.

Era mais do que o que ela me dava em conversas, carinho ou qualquer outra forma de atenção.

Muitos anos depois, quando eu já havia percebido isso, cheguei na casa de mainha e me queixei de dor de ouvido. Ela foi até o quarto, pegou o cotonete, colocou uma pomada e me mandou colocar no ouvido dizendo que era muito boa e sararia.

Entendi o que é um gesto sublime. Entendi o que é o amor em ação.



 
Além do Nosso Espelho © 2015 | Criado Por Aline Lima