Ato Falho



Eu quero me despedir porque meu coração ama. Falamos sobre sexo, eu e minhas amigas e a saudade ficou na minha boca. Mas não era qualquer saudade, era a dela.

Minha família não via com bons olhos porque minha vida era diferente da maioria das mulheres,  mas para eles isso era pior que ser prostituta. Abrir as pernas para os homens é natural, mesmo que seja antes dos 18.

Eu ainda tinha 20 e sempre tinha um tio pra perguntar pelos namoradinhos em toda festa. Eu não dizia nada e estendia o braço pra pegar o arroz refogado da ceia. As pessoas falavam, vigiavam e isso chegou ao ouvido de painho. Sai de casa porque não tinha outra opção.

Eu a observava de longe, escolhi esperar, mas há coisas que sonhamos tanto que a realidade não parece dar conta. Mas eu queria ir um pouco mais fundo e consegui um encontro com aquela mulher de 30 anos. Era uma distância de mais de 10 anos de vidas, mas uma distância minima entre os corpos. Eu tinha medo de não ser suficiente, mas eu tinha vontade.

Nossos corpos colidiram e se fundiram. Era nosso acordo, viver o agora. Nossas mentes já não podiam fazer o mesmo. Ela  durou o tempo necessário para tornar todas as histórias de amor irrelevantes. 

O abraço dela era uma toca pra onde eu poderia fugir. Entreguei-me aquele desejo. Seu corpo quente em cima do meu, seu beijo na minha boca, lento, molhado, sentido. Seu cheiro é de mulher, sua boca de ameixa sendo chupada por meus lábios e suas palavras nos meus ouvidos faziam meus músculos se contraírem.

Não conseguiria sair dali sem isso. Ao menos não queria. Porque me segurei por meses pra não bater na porta dela e sentir seu cheiro único, ouvir suas mágoas e reclamações porque eu não soube amar sua alma, mas amei seu corpo. Amei como nunca amei nenhum outro.

Tirei sua roupa lenta pra gravar aquelas curvas na minha memória. Eu não me importei na hora com quem ela estava, naquele momento éramos uma da outra. O toque riscava fogo, sua pele macia deslizava tão bem entre meus dedos.

Pensei em devorá-la de pronto, tão forte era meu desejo,mas ela me pediu pra não ter pressa. Peguei seus seios e os segurei com uma mão, enquanto minha boca beijava seu pescoço. Sua carne era quente, havia líquidos por toda parte, joguei os travesseiros pra fora da cama, a virei de frente pra mim e a fudi como nunca havia desejado tanto antes.

Seu gemido sendo sussurrado em meu ouvido aumentava meu desejo. Coloquei-a de costas pra mim, era bom guiar, e a fudi por trás enquanto seus braços alcançavam a parede e seu cabelo tocava meu rosto. Ela vestia sempre uma lingerie diferente, como se eu fosse achar ruim de ver sempre a mesma, quando sem calcinha, sua bunda realçava suas curvas, sua cintura, seus seios, sua buceta cabia exatamente na minha boca. Seu clitóris estava maior. Gozava. Apagamos a luz, porque o tempo infelizmente não para, e virava sempre pro lado esquerdo porque tinha mania, passava seu corpo encostado ao meu e como quem não se saciava, vinha pra cima de mim provar do meu sexo enquanto me beijava á boca.

 Procurei a água que ficava sempre ao lado da cama, encontrei água em seu corpo. Amanheceu indefesa, meus olhos sorrindo pro amor. Começamos tudo outra vez e nos deixamos cair, cansadas. Não lembro quanto tempo durou aquele momento, mas ficou na minha cabeça pra sempre. Eu tinha me feito mulher, não por um pau, mas por uma mulher .

Os dias continuaram, eu queria voltar a ser quem eu era quando nos encontramos naquela mesa de bar pra dividir uma cerveja enquanto eu sentia que ela iria embora, se não na hora,mas em meses. Depois me despedi porque ainda a amo e isso me escapuliu da boca.



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